Sou maior e vacinado, por isso não tenho vergonha nem medo de confessar: Sou uma daquelas pessoas que foge dos Parques de Campismo sempre que pode. Além disso, gosto de ser sincero, daí que, em vez de inventar desculpas para tal fobia, digo muito frontalmente, a primeira e sem dúvida a maior razão para tal é o elevado custo dos mesmos.
Sim, todos sabemos que os Parques de Campismo existem como se de um outro qualquer negócio se trata-se, por isso quanto mais puderam “extrair” da minha esquelética carteira melhor (para eles). Não quer dizer que não os use, quando estou por fora mais que duas semanas, não tenho outra alternativa.
Como somos quatro elementos nestas nossas aventuras, todas as vezes que entro num Parque de Campismo, comparo a experiência com a ida repetida ao cinema para ver o mesmo filme: “Tudo o vento levou”, neste caso, “ Todas as notas o Parque levou”.
Não vejo motivo para os usar mais que o estritamente necessário, acho que toda a confusão e perda de tempo que é o assinar de papéis, pagar, e encontrar o sítio a que temos direito, são momentos em que sinto a minha liberdade ser condicionada pelas leis do dito Parque e principalmente, pelos arames ou muros que demarcar os seus limites.
Nesta vida de Autocaravanista, a responsabilidade pela segurança da família cabe ao chefe de família que, neste caso, sou EU.
Dormir fora de Parques de Campismo tem as suas conveniências (aquelas que todos sabemos) e também tem os seus problemas (por vezes mais valia não saber).
Um Autocaravanista deve estar preparado para “o que der e vier” quando dorme “por fora”, seja com ou sem a sua esposa...
Aqui na Austrália é muito raro ter outra Autocaravana perto de mim, normalmente a minha é a única viatura a pernoitar naquela zona.
Em caso de as coisas se tornarem azedas no recanto escolhido para dormir, eu tenho um plano, o chamado “Plano de retirada José Rebelo”.
Não sou diferente de muitos homens de barba rija que fazem Autocaravanismo, por isso, tal e qual outros, a intenção de ser um dia ser proclamado “herói” é uma constante na minha vida. Mas, devo confessar, se realmente as coisas azedarem, eu sou o primeiro a me pirar...
O plano que em seguido descrevo, exige da parte do “chefe” método e disciplina militar.
Aqui fica a minha lista de procedimentos “Antes de ir para a cama” para que seja possível aplicar o “Plano de retirada José Rebelo”.
1-Estacionar de maneira a poder sair para a frente.
A maior parte das pessoas conduz melhor para a frente do que em marcha atrás.
2-Lavar os dentes.
Pela simples razão de que se a fuga não for bem sucedida, não termos que passar pela experiência de aparecer na “SIC” com um bocado de couve pendurado nos dentes da frente.
3-Fechar as portas (todas).
Parece óbvio, mas vezes sem conta, vou dar com as portas da cabine destravadas.
Antes de as travar, deve-se (na minha, e aqui apenas pessoal, opinião) certificar que a esposa está na parte de dentro da Autocaravana.
4-A chave de ignição deve estar muito perto da mesma, melhor ainda, na própria ignição. Isto por razões óbvias...
No caso de o gatuno entrar na viatura, não vai ter que bater em ninguém para encontrar as chaves, desta forma um homem só tem que se manter calado e ter a sorte que o gatuno nos leve para um sitio que ainda não conhecíamos.
Uma forma de desmoralizar qualquer gatuno, será ameaça-lo com a obrigação de despejar a sanita... ou com uma decalcomania na parte exterior da Autocaravana a dizer: Cuidado! Sogra no interior.
5-Baixar a antena (da Televisão)
A cama não foi feita para ver televisão, aliás, na realidade a cama foi inventada, e teve muito sucesso, naqueles tempos em que não havia televisão.
6- A louça deve ser lavada e arrumada nos devidos lugares.
A melhor maneira para evitar esta dor de cabeça, que é lavar a louça dentro de uma Autocaravana, na minha humilde opinião é: pedir à esposa que o faça ou, melhor ainda, ir comer fora.
7-Dormir em pijama.
Uma boa ideia será usar pijama de seda, este material é bastante “escorregadio” por isso, só tem vantagens quando um homem tem que “escorregar” para fora da cama em tempo recorde.
A outra razão é: nestes tempos que correm, “nem tudo que parece é”, por isso não é garantido que o gatuno seja um “macho latino”. Aqui na Austrália são altas as probabilidades de ser assaltado por “algo “ diferente. A última coisa que eu quero, é ser visto em cuecas por alguém “tão sensível”.
Conclusão:
Não existe melhor sensação do que o sentimento de liberdade que é acordar rodeado de sons da natureza. “Dormir na rua” é uma arte. Com o passar dos tempos a avaliação e eleição das zonas a pernoitar, torna-se mais apurada. Erros serão cometidos, mas como tudo na vida é com os erros que se aprende.
Por isso tem que se evitar pernoitar:
· Em ruas sem saída, ou/e sem luz.
· Perto de bares que fecham a altas horas da madrugada.
· Discotecas e zonas onde os jovens se reúnem para beber, fumar.
· Zonas com amplas áreas de terra batida, são propicias aos tolinhos dos carros “kitados” (desenhadores de donuts no chão), estes gostam de afiar os pneus depois da uma da manhã.
· Debaixo de árvores.
· Perto de auto-estradas.
· Recintos onde no dia a seguir é “dia de Feira”.
Para manter uma imagem própria de Autocaravanista deve-se:
· Não estacionar atravessado a ocupar 3 lugares
· Não estacionar tapando a visibilidade de lojas comerciais, e monumentos.
· Usar (sem abusar) de forma democrática o espaço físico existente em frente às zonas mais concorridas.
· Não sair da Autocaravana em pijama ou camisa de noite.
Para alguém que não tem Autocaravana, ver grandes grupos de Autocaravanas, provoca aquilo a que se pode chamar o sindroma de “Nós e Eles”, pelo que, a popularidade destas viaturas provoca maus olhares contra os donos das mesmas.
Já sei que legalmente as Autocaravanas podem (na maior parte das zonas) estar estacionadas, mas cabe a nós usar o chamado “Bom Senso” tornando o usufruto da mesma agradável para nós e não ofensivo para os outros.
José Rebelo
Sim, todos sabemos que os Parques de Campismo existem como se de um outro qualquer negócio se trata-se, por isso quanto mais puderam “extrair” da minha esquelética carteira melhor (para eles). Não quer dizer que não os use, quando estou por fora mais que duas semanas, não tenho outra alternativa.
Como somos quatro elementos nestas nossas aventuras, todas as vezes que entro num Parque de Campismo, comparo a experiência com a ida repetida ao cinema para ver o mesmo filme: “Tudo o vento levou”, neste caso, “ Todas as notas o Parque levou”.
Não vejo motivo para os usar mais que o estritamente necessário, acho que toda a confusão e perda de tempo que é o assinar de papéis, pagar, e encontrar o sítio a que temos direito, são momentos em que sinto a minha liberdade ser condicionada pelas leis do dito Parque e principalmente, pelos arames ou muros que demarcar os seus limites.
Nesta vida de Autocaravanista, a responsabilidade pela segurança da família cabe ao chefe de família que, neste caso, sou EU.
Dormir fora de Parques de Campismo tem as suas conveniências (aquelas que todos sabemos) e também tem os seus problemas (por vezes mais valia não saber).
Um Autocaravanista deve estar preparado para “o que der e vier” quando dorme “por fora”, seja com ou sem a sua esposa...
Aqui na Austrália é muito raro ter outra Autocaravana perto de mim, normalmente a minha é a única viatura a pernoitar naquela zona.
Em caso de as coisas se tornarem azedas no recanto escolhido para dormir, eu tenho um plano, o chamado “Plano de retirada José Rebelo”.
Não sou diferente de muitos homens de barba rija que fazem Autocaravanismo, por isso, tal e qual outros, a intenção de ser um dia ser proclamado “herói” é uma constante na minha vida. Mas, devo confessar, se realmente as coisas azedarem, eu sou o primeiro a me pirar...
O plano que em seguido descrevo, exige da parte do “chefe” método e disciplina militar.
Aqui fica a minha lista de procedimentos “Antes de ir para a cama” para que seja possível aplicar o “Plano de retirada José Rebelo”.
1-Estacionar de maneira a poder sair para a frente.
A maior parte das pessoas conduz melhor para a frente do que em marcha atrás.
2-Lavar os dentes.
Pela simples razão de que se a fuga não for bem sucedida, não termos que passar pela experiência de aparecer na “SIC” com um bocado de couve pendurado nos dentes da frente.
3-Fechar as portas (todas).
Parece óbvio, mas vezes sem conta, vou dar com as portas da cabine destravadas.
Antes de as travar, deve-se (na minha, e aqui apenas pessoal, opinião) certificar que a esposa está na parte de dentro da Autocaravana.
4-A chave de ignição deve estar muito perto da mesma, melhor ainda, na própria ignição. Isto por razões óbvias...
No caso de o gatuno entrar na viatura, não vai ter que bater em ninguém para encontrar as chaves, desta forma um homem só tem que se manter calado e ter a sorte que o gatuno nos leve para um sitio que ainda não conhecíamos.
Uma forma de desmoralizar qualquer gatuno, será ameaça-lo com a obrigação de despejar a sanita... ou com uma decalcomania na parte exterior da Autocaravana a dizer: Cuidado! Sogra no interior.
5-Baixar a antena (da Televisão)
A cama não foi feita para ver televisão, aliás, na realidade a cama foi inventada, e teve muito sucesso, naqueles tempos em que não havia televisão.
6- A louça deve ser lavada e arrumada nos devidos lugares.
A melhor maneira para evitar esta dor de cabeça, que é lavar a louça dentro de uma Autocaravana, na minha humilde opinião é: pedir à esposa que o faça ou, melhor ainda, ir comer fora.
7-Dormir em pijama.
Uma boa ideia será usar pijama de seda, este material é bastante “escorregadio” por isso, só tem vantagens quando um homem tem que “escorregar” para fora da cama em tempo recorde.
A outra razão é: nestes tempos que correm, “nem tudo que parece é”, por isso não é garantido que o gatuno seja um “macho latino”. Aqui na Austrália são altas as probabilidades de ser assaltado por “algo “ diferente. A última coisa que eu quero, é ser visto em cuecas por alguém “tão sensível”.
Conclusão:
Não existe melhor sensação do que o sentimento de liberdade que é acordar rodeado de sons da natureza. “Dormir na rua” é uma arte. Com o passar dos tempos a avaliação e eleição das zonas a pernoitar, torna-se mais apurada. Erros serão cometidos, mas como tudo na vida é com os erros que se aprende.
Por isso tem que se evitar pernoitar:
· Em ruas sem saída, ou/e sem luz.
· Perto de bares que fecham a altas horas da madrugada.
· Discotecas e zonas onde os jovens se reúnem para beber, fumar.
· Zonas com amplas áreas de terra batida, são propicias aos tolinhos dos carros “kitados” (desenhadores de donuts no chão), estes gostam de afiar os pneus depois da uma da manhã.
· Debaixo de árvores.
· Perto de auto-estradas.
· Recintos onde no dia a seguir é “dia de Feira”.
Para manter uma imagem própria de Autocaravanista deve-se:
· Não estacionar atravessado a ocupar 3 lugares
· Não estacionar tapando a visibilidade de lojas comerciais, e monumentos.
· Usar (sem abusar) de forma democrática o espaço físico existente em frente às zonas mais concorridas.
· Não sair da Autocaravana em pijama ou camisa de noite.
Para alguém que não tem Autocaravana, ver grandes grupos de Autocaravanas, provoca aquilo a que se pode chamar o sindroma de “Nós e Eles”, pelo que, a popularidade destas viaturas provoca maus olhares contra os donos das mesmas.
Já sei que legalmente as Autocaravanas podem (na maior parte das zonas) estar estacionadas, mas cabe a nós usar o chamado “Bom Senso” tornando o usufruto da mesma agradável para nós e não ofensivo para os outros.
José Rebelo
Comments
O sentido de Humor do autocaravanista José Rebelo está 5 estrelas. Pena não havêr mais autocaravanistas com sentido de humor apurado, para um ambiente mais saudável no sei autocaravanista em geral. Continue assim. Estive á tempos com o seu sogro, fiquei a saber por ele que afinal o Mundo é pequeno.
Cumprimentos
jbmendes
www.autocaravanista.blogspot.com
O Grande chefe (meu sogro) foi picado pelo vício do Autocaravanismo e agora também não quer outra, imagino eu que ele deve estar todo orgulhoso por ter um genro como eu, alto, bonito e Autocaravanista de alma.
Sem duvida que me mantenho a par do que se passa por ai em termos de Autocaravanismo.
Vezes sem conta, leio sobre companheiros uns contra outros. Façanhas daqueles que querem ser mais que o próximo, tipo: a minha é maior que a tua (autocaravana) e insultam-se “diplomaticamente” sem nunca chegarem a dizer o que realmente querem... sem duvidas que por vezes quase me fazem chorar.
Nessas alturas só me apetece escrever algo que me faça rir um pouco e com alguma sorte, alguém irá ler o que eu escrevi, relaxar, sorrir e lembrar-se que o Autocaravanismo não tem que ser cumprido como se de uma religião solitária se tratasse, mas sim, de uma forma de partilhar liberdade com a família e possíveis amigos, tudo isto numa relação sem leis e sem compromissos.
Não se esqueça de continuar a sorrir, melhor ainda, dê umas grandes gargalhadas, só desta forma se consegue Viver A Vida Vivo.
Um Grande abraço daqui da Família Rebelo para todos aí.
José Rebelo.
e-mail : marmel651@gmail.com
Gostei de ler estas suas palavras. Eu tambem prefiro a rua do que um parque de campismo.
Acima de tudo temos de respeitar o local para que o local nos respeite.
Um grande abraço para si
Sr. José Rebelo, espero que esteja tudo a correr bem e se algum dia vier de férias e quiser beber umas bejecas cá com uma pessoa do norte, esteja á vontade.
Um grande abraço autocarvanista.
hmsbornes@gmail.com